Uma boa informação pode mudar tudo

Bebê reborn: ”A loucura é vizinha da mais cruel sensatez”

Essa discussão sobre bebês reborn me fez lembrar de uma situação constrangedora que vivi nas redes sociais, mais especificamente na minha linha do tempo do Facebook. Naquela época, meu perfil tinha alguma relevância, então, tive a infeliz ideia de postar o seguinte: “Acho doentia a mulher que trata seu pet como se fosse seu próprio filho.”

Meu amigo… em questão de minutos, fui mais ofendido do que em todos os anos que eu tinha vivido até então. Ainda bem que existia a opção de deletar post — do contrário, acho que hoje eu não teria maturidade para opinar sobre mais nada na internet.

Na ocasião, fiquei me martirizando, remoendo aquilo por dias. Como pude ser tão insensível? Fiquei traumatizado — ou algo muito próximo disso — por um bom tempo. Confesso que pedi desculpas a muita gente, tanto por mensagem quanto pessoalmente. Mas, mesmo assim, algumas mães de pet nunca me perdoaram totalmente.

Esse episódio aconteceu há mais ou menos vinte e cinco anos. Muita coisa mudou desde então, e sou grato por não ter cometido essa gafe nos dias de hoje — em tempos ainda mais inflamáveis nas redes.

Pois bem, trauma superado, quero agora opinar sobre as chamadas “mães de bebês reborn”. Sinceramente, acho fantástica essa ideia de “adoção” desses bonecos. A pessoa precisa ter um grau de sensibilidade que transcende os conceitos tradicionais de carinho e dedicação ao outro — e isso, para mim, é lindo.

Vivemos em um mundo onde milhares de pessoas cuidam da vida alheia sem permissão, e nem por isso são chamadas de loucas — mesmo que muitas merecessem o título. Então. Se há uma pitada de insanidade nessa onda de adoção de bonecos, também há verdade na frase da talentosa Clarice Lispector, “A loucura é vizinha da mais cruel sensatez.” Ou ainda, como bem definiu Machado de Assis: “De médico e louco, todo mundo tem um pouco.”

Para você que é adepta a essa novidade, peço apenas que não tente furar a fila do supermercado com seu bebê reborn no colo — e nem pense em levá-lo para ser atendido no SUS.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *