Confirmação do primeiro caso de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja de aves comerciais no Brasil, registrado nesta sexta-feira (16) no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, acendeu o alerta em Mato Grosso do Sul. Segundo o diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Daniel Ingold, o Estado está em vigilância ativa e pronto para agir caso haja qualquer sinal de risco.
“Estamos em alerta”, afirmou Ingold, destacando que a Iagro mantém contato direto com as autoridades do Rio Grande do Sul e já colocou sua equipe à disposição para apoiar eventuais ações de contenção. “Nosso ponto forte está na inteligência geográfica e territorial, e podemos auxiliar na área de controle, se necessário.”
Primeiro caso em aves comerciais preocupa exportadores – O caso confirmado em Montenegro é o primeiro envolvendo aves comerciais no país. O protocolo internacional em situações como essa prevê medidas rígidas de biossegurança, como o despovoamento da granja afetada (abate dos animais), desinfecção completa da área e monitoramento epidemiológico em um raio de 10 quilômetros do foco da contaminação.
“Esse procedimento foi acionado imediatamente. A Defesa já iniciou o processo de contenção e controle”, explicou Ingold. A preocupação, segundo ele, não se limita à saúde animal, mas também ao impacto econômico nos mercados de exportação.
Daniel Ingold, da Iagro, afirma que Mato Grosso do Sul está em estado de alerta após caso de gripe aviária confirmado no Rio Grande do Sul – (Foto: Arquivo)
Ingold chamou atenção para o possível efeito nas exportações brasileiras. “Temos protocolos internacionais de comércio que preveem o bloqueio das vendas quando há registros como esse. A China, por exemplo, pode suspender a compra de produtos de todo o país, conforme seus critérios sanitários. No caso do Japão, já está em negociação um modelo de compartimentação para restringir o bloqueio ao Rio Grande do Sul e, depois de 60 dias, apenas à região de Montenegro”, afirmou.
Segundo o dirigente, o Japão é um dos principais compradores da produção brasileira, responsável por até 80% das exportações de algumas regiões. A China também representa um mercado fundamental, especialmente para o Mato Grosso do Sul.
Ingold garantiu que a Iagro segue acompanhando cada atualização da situação no Sul do país e reforçando o monitoramento local. “Estamos sintonizados com a defesa sanitária do RS. Neste momento, não há motivo para pânico, mas é fundamental manter a atenção redobrada.”
Trata-se do primeiro foco de IAAP identificado em um sistema de avicultura comercial no país, o que acendeu o alerta em importantes mercados consumidores. A decisão da China, que figura como o maior destino das exportações brasileiras de carne de frango, acarreta perdas significativas ao setor.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), apenas em 2024, a China foi responsável por 14,2% de todo o volume exportado de carne de frango pelo Brasil, movimentando cerca de US$ 1,29 bilhão no ano passado. Entre janeiro e abril deste ano, o volume exportado ao país asiático foi de US$ 455 milhões, uma alta de quase 20% em relação ao mesmo período de 2024.
A média mensal das exportações de carne de frango brasileira à China gira em torno de US$ 128 milhões. A expectativa é de que a suspensão temporária resulte em um prejuízo superior a US$ 100 milhões por mês — o equivalente a mais de meio bilhão de reais, considerando o câmbio atual.