Pequim foi palco neste sábado (19) de um marco tecnológico: a primeira meia maratona do mundo com a participação lado a lado de humanos e robôs humanoides, na área conhecido como Beijing E-Town.
O evento realizado na Área de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico do Distrito de Daxing, na capital chinesa, teve o objetivo de testar os limites das máquinas para, em um futuro próximo, pensar no emprego delas para as tarefas humanas.
Com o tiro de largada dado, os robôs partiram, alguns hesitantes, ao ritmo da música pop que tocava nos alto-falantes. Do outro lado da rua, participantes humanos correndo em uma pista separada usaram seus celulares para capturar a corrida incomum, que não foi isenta de contratempos.
Um pequeno androide que inicialmente caiu no chão conseguiu se levantar minutos depois em meio aos aplausos do público. Outro, projetado para se parecer com um Transformer, saiu do curso, bateu em uma barreira e derrubou um engenheiro.
“Correr em uma pista pode parecer um pequeno passo para um humano. Mas, para um robô humanoide, é um salto gigantesco. A maratona é mais um passo em direção à industrialização de robôs humanoides “, disse Liang Liang, vice-diretor do comitê de gestão da E-Town.
Engenheiros explicaram que o objetivo é testar o desempenho e a confiabilidade dos androides. Chegar à linha de chegada é a prioridade, não tanto vencer a corrida.
A meia maratona “é um tremendo impulso para todo o setor de robótica”, disse Cui Wenhao, engenheiro de 28 anos da empresa chinesa Noetix Robotics.
“Honestamente, a indústria raramente tem a oportunidade de operar essas máquinas dessa forma, em plena capacidade, por essa distância e duração. É um teste exigente para as baterias, os motores, a estrutura e também para os algoritmos”, completou o engenheiro chinês.
Para treinar, um dos robôs da empresa correu o equivalente a uma meia maratona todos os dias a um ritmo de mais de 8 km/h, explicou.
Outro jovem engenheiro, Kong Yichang, da empresa DroidUp, afirmou que o curso ajuda a “preparar o terreno” para uma maior presença desses robôs na vida cotidiana. “A ideia é que robôs humanoides possam realmente se integrar à sociedade humana e começar a executar as tarefas que os humanos executam”, argumentou.
A China, a segunda maior economia do mundo, aspira à liderança em inteligência artificial e robótica, em um desafio direto aos EUA, com quem está atualmente envolvida em uma guerra comercial.
As empresas chinesas, especialmente as privadas, estão tendo um desempenho cada vez melhor no setor de novas tecnologias. Prova disso é a startup DeepSeek, que causou sensação internacional em janeiro com um chatbot de IA que, segundo seus desenvolvedores, foi desenvolvido a um custo significativamente menor do que concorrentes americanos como o ChatGPT.



